O Transtorno do Espectro Autista (TEA), que pode gerar um desenvolvimento incomum e manifestações comportamentais, engloba quatro tipos de Autismo: Síndrome de Asperger, Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, Transtorno Autista e Transtorno Desintegrativo da Infância.
Os sintomas dos Transtornos se apresentam a partir dos primeiros meses de vida, mas o diagnóstico pode acontecer até os 3 anos de idade, sendo classificado entre três níveis: leve, moderado e grave.
O que é o Transtorno do Espectro Autista?
O TEA é um termo genérico que dá nome aos 4 tipos de autismo juntos. Já os transtornos aos quais o TEA se refere são transtornos de neurodesenvolvimento, que consiste na desenvolução do Sistema Nervoso, responsável pelas habilidades motoras, cognitivas e psicossociais. Ou seja, os transtornos causam uma falha no desenvolvimento da comunicação e de interações sociais, junto de padrões de comportamentos repetitivos.
O desenvolvimento do Sistema Nervoso, tanto o Central como o Periférico, tem início na gestação, e depois do nascimento do bebê sofre impacto direto do ambiente, por isso indivíduos com algum transtorno do espectro autista já apresentam sintomas nas primeiras semanas de vida. Dentre os primeiros sintomas a surgir pode-se incluir:
- Não reagir a estímulos sonoros;
- Pouco ou nenhum contato visual;
- Não apresentar expressões faciais;
- Não brincar com outras crianças;
- Não conseguir (ou não tentar) falar;
- Fazer movimentos repetitivos.
Os quatro tipos de Autismo
Síndrome de Asperger
É classificada como Nível 1 (leve) e é três vezes mais recorrente em meninos do que meninas. Essa síndrome afeta principalmente a habilidade de comunicação e engajamento social, causando dificuldade para manter uma conversa ou para fazer amigos, por exemplo.
Pessoas com Asperger são consideradas extremamente inteligentes, apesar de mostrarem dificuldade ao trocar de atividade e dificuldade com organização.
Transtorno Invasivo do Desenvolvimento
Pessoas com o Transtorno invasivo do desenvolvimento (TID) apresentam sintomas mais fortes que Asperger, tendo muita dificuldade na comunicação e interação com outras pessoas, porém tem mais facilidade que pessoas com Autismo. Esse transtorno é visto como Nível 2 (moderado). Apesar de seus sintomas poderem variar bastante, é comum ver dificuldade na comunicação de maneira geral, maneiras incomuns de se brincar com brinquedos, dificuldade em dormir e de se adaptar à mudanças no ambiente. E ainda, há uma variação desse transtorno conhecida como TID-SOE (transtorno invasivo do desenvolvimento – sem outra variação).
Transtorno Autista
Nesse Transtorno encontramos os mesmos sintomas citados anteriormente na Síndrome de Asperger e do Transtorno Invasivo do Desenvolvimento, como o desenvolvimento tardio da linguagem, comportamentos repetitivos (como bater ou balançar as mãos) e falta de contato com os olhos, porém todos sintomas são muito intensificados no Autismo, sendo considerado um transtorno Nível 3 (grave), que necessita de acompanhamento médico. Esse tipo de Autismo costuma ser diagnosticado mais cedo, por seus sintomas serem mais perceptíveis.
Transtorno Desintegrativo da Infância
Esse transtorno é o mais grave dentro do Espectro Autista, e o mais raro, sendo considerado Nível 3 também, contudo sua procedência é diferente e seus sintomas aparecem de forma tardia. A criança com transtorno desintegrativo da infância tem seu desenvolvimento normal, mas a partir dos 2 ou 3 anos ela começa a apresentar dificuldades em tarefas que antes realizava de forma normal, e com isso, começa a “perder” o que foi desenvolvido, como por exemplo habilidades intelectuais, linguísticas e sociais, não voltando a recuperá-las depois. E estudos mostram que crianças com esse transtorno podem chegar a perder também o controle sobre outras funções, tais quais o controle do intestino e da bexiga.
Como é o autismo em mulheres?
Os Transtornos do Espectro Autista são quatro vezes mais diagnosticados em meninos do que em meninas, e existem duas hipóteses para explicar isso. A primeira diz que meninos tendem a desenvolver mais o autismo por conta de um fator genético ainda não identificado, e a segunda, mais aceita, diz que isso se deve aos sintomas que aparecem de maneira menos impactante nas meninas, não gerando comportamentos estereotipados de autismo como nos meninos, tal qual a falta de aptidão para aprender a falar.
Devido a essa falta de sintomas óbvios nas meninas, seu diagnóstico tende a demorar mais, geralmente diagnosticado na adolescência, período que se torna mais difícil “camuflar” os comportamentos típicos, e isso quando é feito corretamente, pois muitas recebem um diagnóstico equivocado para Transtorno Obsessivo Compulsivo, Transtorno de personalidade limítrofe, entre outros. Meninas com diagnóstico errado tendem a sofrer com a depressão e a ansiedade, levando essas questões para a vida adulta e dificultando sua autonomia.
Há ainda outra causa para o diagnóstico em meninas se demorar muito mais: pesquisas indicam que existem diferenças, mesmo que sutis, no autismo no sexo feminino para o masculino, e que muita coisa deve ser considerada para chegar a um diagnóstico de autismo em mulheres, porém tem se observado um certo preconceito que dificulta essa análise. Preconceitos, por exemplo, com como o autismo se manifesta de maneira tradicional e com os instrumentos necessários para um diagnóstico, nesses cenários acabam desconsiderando-se características típicas femininas.
Quais são as causas do autismo?
Já foram realizados diversos estudos a respeito da etiologia do Autismo, porém ainda não se tem uma resposta para o que causa esse atraso do neurodesenvolvimento. O que os estudos apontam é que não há uma única causa para o Autismo, e sim a relação entre diversos fatores: genéticos, biológicos e principalmente ambientais.
Fatores ambientais aumentam ou diminuem o risco de TEA em pessoas geneticamente predispostas, mas apesar de terem grande influência, não devem ser considerados a causa. Pode-se citar a idade parental avançada, a exposição a substâncias químicas, prematuridade e gestações múltiplas como fatores que podem aumentar a chance de manifestação de transtornos do espectro autista.
Contudo, não se tem certeza como os fatores genéticos se apresentam, pois não foi encontrado nenhum biomarcador para TEA.
Como é feito o diagnóstico e tratamento?
O diagnóstico para pacientes de TEA é feito de forma clínica, por um neurologista pediátrico ou um psiquiatra infantil, médico que deve prezar pelo controle emocional no atendimento ao paciente, já que se trata de um diagnóstico que deve ser realizado com precisão.
Se avalia os comportamentos da criança, buscando por padrões e sintomas, e também se realiza uma entrevista com os pais da criança, ou responsáveis, que normalmente são os primeiros a perceberem sinais de autismo, já que estão presentes até os 03 anos.
Em casos mais atípicos o autismo só é detectado na adolescência, onde o próprio jovem consegue identificar sintomas nele mesmo.
Como ainda se conhece tão pouco sobre o TEA, não existe uma cura, mas existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida do autista. No geral, o paciente sempre passa com várias especialidades, uma para cada problema que enfrenta, tais como:
- Fonoaudiologia, que irá desenvolver a linguagem verbal e não-verbal;
- Ludoterapia, que trabalha o contato visual e a interação com outras crianças;
- Psiquiatria, onde a criança pode tomar remédios que, embora não sejam específicos para o autismo, ajudam em outras áreas que são afetadas pelo transtorno, como medicamentos para ansiedade, hiperatividade, agressividade e alterações de humor;
- Psicoterapia, para ajudar em todos os outros aspectos, mas principalmente o psicológico;
- Aromaterapia, que vem se mostrando eficiente no tratamento, podendo ter diversos propósitos, de relaxar a estimular a criança, são usados óleos essenciais que podem ser aplicados de diversas maneiras, como inalar através de um vaporizador de ervas.
Entretanto, mesmo com toda uma equipe multidisciplinar, a importância de uma rede de apoio para o autista é de extrema importância, em especial da família, que deve compreender suas limitações e fornecer apoio, principalmente psicológico.
Escrito por Ellen Parra, vestibulanda e futura estudante de Psicologia.